Numa rua sem saída! Era assim que eu me sentia em final de 2004. Frustrada com meu ministério pastoral, com um relacionamento afetivo desfeito de modo traumático, entrando na casa dos 40 anos, duas filhas adolescentes, sem perceber caminhos por onde poderia seguir caminhando e… sozinha! Estava vivendo uma grande crise e com dúvidas quanto ao meu chamado ministerial e objetivos de vida. Mesmo cercada por pessoas da igreja e amigos, não tinha uma pessoa de confiança que andasse perto de mim e com acesso à minha vida. Uma pessoa para examinar a minha vida e com graça especial de Deus para me confrontar em amor dizendo a verdade sobre mim mesma, para fazer as perguntas certas, dando uma nova perspectiva e com sabedoria me ajudando a permanecer firme na fé. Todo este processo desencadeou em muitas escolhas erradas com prejuízos e consequências dolorosas.
Até que a partir de 2007 experimentei caminhar num grupo de discipulado mútuo com outras colegas pastoras e ali aprendi a gritar bem alto: Sozinha não! Foi um caminho árduo entender que “amigas que se fazem irmãs na adversidade” [Provérbios 17.17], são geradas num processo quando investimos tempo procurando desenvolver relacionamentos pessoais, significativos e de compromisso.
Agora tinha amigas íntimas o suficiente para ouvir minhas dores e angústias, para quem pedir ajuda nas minhas necessidades e a partir do discipulado e mentoria receber novas perspectivas nas decisões a serem tomadas tanto na vida pessoal, familiar, como também a respeito do ministério. Comecei a viver um novo tempo em meu ministério e vida pessoal.
Eu não tenho dúvida que assim como eu, muitos outros pastores(as) e líderes também se perceberam ou se percebem sozinhos em meio a uma crise e sem saber onde encontrar ouvidos e corações confiáveis dispostos a ouvir. Muitos estão cuidando de outras pessoas, estendendo pastoreio para outros, mas, sem experimentar cuidado e discipulado para sua vida. Sem pessoas próximas o suficiente para ouvir seu coração, suas lutas, seus sonhos, para acolhê-los num abraço de encorajamento e aceitação.
Quando não temos pessoas próximas de nós através das quais experimentamos discipulado nós mesmos sofremos e trazemos sofrimento para nosso cônjuge, filhos, líderes que estão sob nossa liderança e todo o Corpo de Cristo. Deixamos de crescer intencionalmente e deixamos de levar nossos liderados a crescer intencionalmente.
A partir de 2010 como Missionária Sepal, junto com Daniel Vargas meu esposo, comecei a mobilizar e capacitar pastores(as) e líderes para a vivência do discipulado mútuo, nascendo assim o Ministério Igrejas Discipuladoras.
Ilaene Schüler

Amigos mais chegados que irmão! Em 2010 eu comecei a participar de um grupo de discipulado mútuo, onde pude desenvolver relacionamentos comprometidos e pessoais e aprendi a viver de forma interdependente. Neste período passamos por uma grande crise e foi em meio a esta crise que se cumpriu a palavra de Provérbios 17:17… O amigo é sempre leal, mas na hora da dificuldade ele se torna mais que um amigo; passa a ser nosso irmão. (BV).
A experiência de em meio à crise poder dizer que não estava sozinho, tinha irmãos (meu grupo de discipulado) que estavam ao meu lado, resultou em crescimento e aprofundamento na comunhão com Deus e com os meus irmãos. O grito “Sozinho não!” passou a ser o meu lema.
Como missionário Sepal através do ministério Igrejas Discipuladoras temos mobilizado e capacitado pastores(as) e líderes para a vivência do discipulado e desenvolvimento de projetos de igrejas saudáveis e discipuladoras. Pastores e líderes que antes andavam sozinhos passam a ter amigos e não apenas colegas de ministério. Amigos que se tornam próximos por meio dos quais experimentam cuidado e crescimento intencional em um ambiente de graça com relacionamentos pautados na graça.
Daniel Vargas
